Folha de São Paulo
O Ministério Público está investigando as
doações recebidas por petistas para pagar as multas impostas no processo do
mensalão.
Conforme a Folha apurou, a análise ainda é recente e,
por isso, ainda não há informações sobre o andamento das investigações, nem se
foram encontrados indícios de irregularidades.
Ontem, o ministro do STF
(Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendescobrou investigações do Ministério Público sobre as
doações.
De acordo com o
ministro, pode estar havendo lavagem de dinheiro no sistema de arrecadação.
"Será que esse dinheiro que está voltando é de fato de militantes? Ou
estão distribuindo dinheiro para fazer esse tipo de doação? Será que não há um
processo de lavagem de dinheiro aqui? São coisas que nós precisamos
examinar", disse.
Até agora, as doações
foram feitas para o ex-presidente do PT José Genoino e
para o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares. Juntos, eles receberam cerca de
R$ 1,7 milhão para quitar multas que somam R$ 1,1 milhão.
O dinheiro que sobrou
será doado para o ex-ministro José Dirceu, que terá de pagar multa de R$ 971
mil, relativa à sua condenação por corrupção no mensalão.
Já o deputado Carlos
Sampaio (PSDB-SP) protocolou na
Procuradoria-Geral da República um pedido para que as doações fossem
investigadas.
Além das suspeitas de
lavagem de dinheiro, Sampaio alega que pode estar havendo apologia ao crime,
porque o PT trata os condenados como "heróis nacionais".
O advogado de Genoino,
Luiz Fernando Pacheco, disse que as contas da campanha estão à disposição das
autoridades: "A única lavagem que aconteceu foi da alma dos brasileiros
indignados com o julgamento".
O defensor de Delúbio,
Arnaldo Malheiros Filho, disse que todas as doações foram pequenas e estão à
disposição da Justiça: "Tudo aconteceu à luz do dia, não há nenhum tipo de
irregularidade".
O deputado Luiz Sérgio
(PT-RJ) e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) criticaram Mendes. Para Sérgio, o ministro
atuou "como um líder da oposição pequena". "Desafio o ministro
Gilmar Mendes a mostrar que está proibido [doar]. Acho que ele não conhece a
lei", disse Suplicy.
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