Carlos
Newton
Em
curiosa entrevista ao Correio Braziliense, o ex-presidente pela primeira vez
falou sobre Rosemary Noronha, sua ex-segunda-primeira-dama, companheira de
viagens oficiais a 32 países, na ausência de dona Marisa Letícia, é claro.
Como a
entrevista foi feita por uma aliada, a jornalista Tereza Cruvinel, que deixou o
Globo em 2010 para trabalhar no governo Lula, o ex-presidente não foi
pressionado em nenhum momento e pôde passar rapidamente pelo explosivo assunto
que envolve sua vida amorosa. Confira o diálogo:
Tereza
Cruvinel - Como
o senhor avalia a decisão da CGU de pedir a destituição do serviço público da
ex-chefe do Gabinete da Presidência de São Paulo, Rosemary Noronha, por 11
irregularidades, incluindo propina, tráfico de influência e falsificação de
documentos?
Lula - Ela já estava demitida. O que a
CGU fez foi confirmar o que todo mundo já sabia o que ia acontecer.
- Mas
tudo ocorreu dentro de um escritório da Presidência, em São Paulo…
- Deixa
eu falar uma coisa. A CGU julgou um relatório feito pela Casa Civil. E pelo o
que eu vi do relatório, ele confirma as conclusões da Casa Civil. Todo servidor
que comete algum ilícito tem de ser exonerado. O que valeu para o escritório
vale para qualquer lugar no Brasil, no setor público. Vale para banco, vale
para a Receita Federal. Vejo isso com muita tranquilidade. (Lula se vira para o assessor de
imprensa e pergunta). “Não foi exonerado esses dias um companheiro que
trabalhava com a Ideli (Salvatti)? (Lula se refere ao assessor da
Subchefia de Assuntos Federativos, Idaílson Vilas Boas Macedo, após notícias de
que faria parte do esquema de lavagem de dinheiro descoberto pela Polícia
Federal na Operação Miqueias).
Tereza
Cruvinel - Sua participação na campanha da Dilma agora será diferente da que
teve em 2010?
Lula - Tem de ser diferente. Em 2010
a Dilma não era conhecida. Fizemos uma campanha para que ela se tornasse
conhecida, e para mostrar ao eleitor o grau de confiança que eu tinha nela.
Obviamente que depois de quatro anos de governo a Dilma passou a ser muito
conhecida e conseguiu construir a sua própria personalidade. Então já tem muita
gente que vai votar na Dilma independentemente do Lula pedir. Naquilo que eu
tiver influência, nas pessoas que eu tiver influência, eu vou pedir para votar
na Dilma. O que eu vou fazer na campanha depende dela. Eu não quero estar na
coordenação, eu quero ser a metamorfose ambulante da Dilma. Estou disposto. Se
ela não puder ir para o comício num determinado dia, eu vou no lugar dela. Se
ela for para o Sul, eu vou para o Norte. Se ela for para o Nordeste, eu vou
para o Sudeste. Isso quem vai determinar é ela. Eu tenho vontade de falar, a
garganta está boa. Eu estou com mais disposição, mais jovem. Apesar da idade,
eu estou fisicamente mais preparado. Estou com muita saudade de falar. Faz
tempo que eu não pego um microfone na rua para falar. Conversar um pouco com o
povo brasileiro. Vou ajudar. Se for importante ficar quieto, eu vou ficar
quieto. A única que coisa que eu não vou fazer é cantar, porque eu sou
desafinado, mas no resto, ela pode contar comigo.
Tribuna da Imprensa
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