Processo contra Vargas é irreversível, diz Alves
Deu na coluna do Josias de Souza:
De volta de uma viagem
oficial à China, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN),
declarou que o processo aberto no Conselho de Ética contra o deputado André
Vargas (PT-PR) tornou-se “irreversível”. Será levado ao plenário mesmo que o
parlamentar resolva renunciar ao seu mandato.A renúncia só seria um
lenitivo para André Vargas se ele a tivesse formalizado antes da instauração do
processo, explicou Henrique. O Conselho de Ética já nomeou inclusive um relator
para o caso, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). “Na hora que se instaurou, o
processo passou a ser irreversível”, enfatizou o presidente da Câmara. “Não há
mais como reverter a situação.”Henrique disse ter
comunicado sua decisão ao próprio André Vargas. Fez isso na semana passada, na
quinta-feira (17), quando ainda estava do outro lado do mundo. Contou que foi
acordado por um telefonema do deputado. No Brasil, os relógios marcavam 15h. Na
China, eram 4h da madrugada. Ao ler o nome do colega no visor do celular,
Henrique decidiu atender.“Expliquei tudo a ele”,
relatou Henrique. “Depois, ainda pedi ao Mozart [Vianna, secretário-geral da
Mesa da Câmara] que ligasse para o André. Ele ligou, deu as razões técnicas.
Não tem mais o que fazer. Não se trata de ser simpático ou antipático com ninguém.
Trata-se de respeitar a Constituição e o regimento da Câmara. Algo que, como
presidente da Casa, eu tenho a obrigação de fazer.”Henrique dissolveu outra
polêmica relacionada ao caso. Na semana passada, membros do Conselho de Ética
disseram que uma eventual renúncia de André Vargas teria seus efeitos suspensos
até que o plenário da Câmara decidisse sobre o provável pedido de cassação do
seu mandato. Não é bem assim.Na visão de Henrique, “a
renúncia é um ato unilateral”. Assim, disse o presidente da Câmara, “se a
renúncia ocorrer, eu acatarei. E convocarei o suplente imediatamente.” Por quê?
“Nao faz sentido ele renunciar, me encaminhar a renúncia e eu engavetar o
documento. Se eu fizesse isso, teríamos um renunicado que não renunciou, o que
não é admissível.”“O nome do André Vargas
permaneceria no painel”, prosseguiiu Henrique. “Se quisesse, ele poderia
continuar votando. E qualquer pessoa poderia questionar na Justiça o resultado
de uma votação que tivesse a participação de um deputado que já renunciou.
Insisto: não tem lógica. Se renunciar, o processo prossegue normalmente. Mas o
suplente será convocado.”Quando acordo o
presidente da Câmara em plena madrugada chinesa, André Vargas já havia
comunicado à imprensa e ao presidente do PT, Rui Falcão, que renunciaria ao
mandato. Deu meia-volta ao constatar que a fuga, por tardia, não o livraria do
julgmento no plenário. Incomodados com os respingos da sangria do filiado
ilustre na já combalida imagem do PT, dirigentes petistas ainda pressionam
Vargas para que renuncie.Na conversa telefônica
com Henrique, André Vargas repisou a tecla segundo a qual o único erro que
cometeu foi o de realizar uma viagem de férias com a família num jato alugado
pelo doleiro Alberto Yossef, preso na Operação Lava Jato. Disse que fará sua
defesa no Conselho de Ética.Ainda que fosse verdade,
a situação de André Vargas não seria simples. O aluguel do Learjet 45, presente
do amigo-doleiro, custou R$ 100 mil. Pilhado, Vargas disse que pagara o
combustível. Desmentido pelos fatos, alegou ter recorrido a Youssef porque as
passagens em voos de carreira estavam muito caras. Faltou-lhe nexo.Para complicar, escalou
a tribuna da Câmara para dizer que o favor aéreo não resultara em nenhum favor
ao doleiro. De novo, os fatos se encarregaram de desdizê-lo. Mensagens de
celular interceptadas pela Polícia Federal revelaram que André Vargas, então
vice-presidente da Câmara, fez lobby para que o laboratório Laborgen, usado por
Youssef para lavar dinheiro, obtivesse um contrato milionário no Ministério da
Saúde.Nesta
semana, outro deputado enroscado com o doleiro preso sera levado ao Conselho de
Ética da Câmara. Chama-se Luiz Argôlo (SDD-BA). Ele também trocou mensagens com
Youssef. Apalpadas pela PF, revelaram indícios de um relacionamento monetário.
Envolve até a entrega de dinheiro em domicílio, no apartamento functional da
Câmara. Conforme noticiado aqui, os partidos que representaram contra
André Vargas planejam fazer o mesmo com Argôlo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário