O líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), rechaçou
duramente as afirmações do ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli
durante depoimento na CPI que investiga irregularidades na maior estatal
do país. Segundo o tucano, a fala do ex-presidente da empresa nesta
quinta-feira (12) demonstra ou conivência ou uma incompetência brutal.
“O depoente não veio aqui para ajudar ninguém a não ser a si mesmo. Ele
afronta a inteligência dos brasileiros e de todos que estão nesta CPI”,
reprovou.
Para o tucano, Gabrielli mentiu durante seu depoimento.
“Ele faz mal a essa CPI, assim como fez mal ao Brasil. É de uma cara de
pau inaceitável. Veio aqui dizer inverdades”, criticou o tucano após
ouvir uma série de rasas explicações de Gabrielli para situações como a
compra da refinaria de Passadena, um dos negócios mais desastrosos da
história da Petrobras.
Em suas afirmações, Gabrielli disse que era
impossível detectar atos de corrupção dentro da empresa. De acordo com o
petista, as negociações de propina eram feitas por “um ou outro”
funcionário com representantes de construtoras, e não tinham relação com
os “processos internos”. Afirmou ainda que não há corrupção sistêmica
da estatal.
Mundo real x Mundo da fantasia - O deputado Bruno Covas (SP) identificou
uma abismo entre as declarações de Gabrielli e do ex-diretor de
Serviços da petroleira Pedro Barusco, que depôs na comissão dois dias
antes.
“Vejo aqui que existem dois mundos; o de Barusco, no qual
ele diz que a corrupção foi institucionalizada na Petrobras por volta de
2003, e o mundo de Gabrielli, que diz ter havido apenas uma
distribuição do lucro ‘legítimo’ que as empresas recebiam entre algumas
pessoas. Tenho tenho certeza que essa CPI vai identificar qual desses
mundos é o mundo da realidade e qual é o da fantasia”, disse.
Ao
ser questionado pelo parlamentar tucano se ele tinha conhecimento de que
Barusco disse, na CPI, que houve pagamento de propina nas obras da
Gasene, Gabrielli afirmou que tomou conhecimento das declarações. Ele
disse ainda que a Gasene não é uma empresa de fachada e rebateu
informações sobre indícios de irregularidades da Petrobras na
constituição de empresas subsidiárias e sociedades de propósito
específico (SPE), sobretudo as que giram em torno da Gasene (malha de
gasodutos entre Icatu-BA e a região Sudeste).
As declarações do
ex-presidente soaram como deboche diante de tantas evidências da
existência de uma quadrilha que atuava no seio da empresa com a
conivência e participação de diretores e empreiteiras. Gabrielli causou
risadas, por exemplo, quando afirmou que a compra de Passadena foi um
bom negócio.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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